sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A taberna do costume

Ontem um patrão dos patrões sai-se com esta verdadeira preciosidade:

"O salário mínimo não pode ser aumentado porque 25% das exportações do país estão dependentes do pagamento de salários baixos."

De repente senti-me assim numa república das bananas na América do Sul, África ou mesmo Oceania...
É tão bom ver que o nosso cantinho ainda está nas mãos de senhores que só querem o bem económico para o país. O que seria de nós sem eles. Uma vida mundana, de pessoas da classe baixa e média com algum poder de compra, a economia a movimentar-se graças a ele, os fluxos de capitais a girarem. Imaginem só.
Não! O patrão dos patrões acha por bem que continuemos a basear um modelo económico no baixo pagamento de salários e continuar a ser o único país da Europa onde se é pobre mesmo trabalhando 10 anos seguidos num emprego.
E a desigualdade salarial entre quem é patrão e empregado chega à diferença máxima de 60 vezes. A mais díspar da União Europeia. O que quer dizer que em média um patrão pode auferir 27 mil euros enquanto a sua mão-de-obra essencial poderá ficar-se pelos 450.
Mas bem vistas as coisas o que seria da Mercedes, Porsche, empreendimentos turísticos, condomínios de luxo... E nada de dizer que estes também são os sectores que também crescem nos países ditos do 3º mundo porque isso é má língua. Daqui a um bocado estão a querer insinuar que vivemos mal não?
E há por aí uns Van´s qualquer coisa a defender a abolição do salário mínimo. Pois claro que têm razão. Uma amiga minha foi a uma entrevista enviada pelo "Instituto de Emprego" e a "oferta" de emprego incluía um salário base de uns magníficos 400€. Mais nada. Nem subsídio de alimentação. Esta empresa no fundo já se está a antecipar à tendência patronal emergente.
Aliás fossem as coisas bem feitas e nós tínhamos de pagar para trabalhar. É que não se admite. Então agora querem ganhar mais do que um salário mínimo? A deputada salta pocinhas de sua graça Nogueira Pinto é que tinha razão: "Não se deve aumentar as reformas senão os reformados gastam tudo em cigarros e na taberna..."

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