A Polícia Judiciária tem uma longa tradição D. Quixotesca.
Tal como o Cavaleiro da Triste Figura a PJ está condenada a ver monstros e moinhos, a lutar contra eles, mas tal como na história de Cervantes estes não existem e são fruto da imaginação daquela força policial.
É claro que quando a PJ investiga crime de colarinho branco, corrupção, lavagem de dinheiro, poder autárquico e mesmo desportivo é tudo fruto de uma investigação, digo imaginação colectiva que leva estes bravos cavaleiros a investirem grande parte das suas vidas na caça ao bandido, digo alucinação. Sim porque só há uma conclusão a que se pode chegar em Portugal: aqui não existe corrupção. Apenas castelos e moinhos imaginários sobre os quais a PJ se lança numa batalha de ilusão e magia. Ilusão porque estes Quixotes estão convencidos que existe mesmo crime económico e corrupção nestas bravas terras Lusas. Magia porque passados por vezes anos de investigação e ajuntamento de provas os juizes deste país tratam de, como de pura magia se tratasse, transformar todo um trabalho de anos em ar! Esfuma-se qual caldeirão de Merlin onde ano após ano, processo após processo se prova que tudo, mas tudo, é uma imensa alegoria uma fábula dos tempos modernos, nada mas mesmo nada que a PJ investiga é palpável. É uma imensa nuvem de gás volátil mas que um qualquer pandego Juiz converte em ar puro, como qualquer bom filtro industrial.
Mas questiona-se. Tem remédio? Isto tem rumo?
Tem. É deixar a PJ à secretária e mais uma vez por magia o crime desaparece. Parece uma solução de ouro. Se a PJ não fizer o seu trabalho é óbvio que o crime desaparece. Aliás está mais que comprovado que só existe crime porque aqueles Quixotes vão para o terreno armar-se em polícias. Estivessem quietinhos e nada disto acontecia.
Dias Loureiro, Armando Vara, Isaltino Morais, Valentim Loureiro, eram todos homens honrados até os cavaleiros tristes irem lá fazer castelos de areia.
Mas há uma outra solução! A PJ em Portugal tem de fazer o que faz a PJ do Porto. Está a investigar mas deixa que haja tanta fuga, mas tanta fuga de informação (quem não se lembra do Pintinho da Costa a banhos na Galiza quando começaram à sua procura) que acaba por cumprir a sua função duplamente, ou seja: investiga mas ao mesmo tempo torna tudo já em oxigénio quase puro. Quando o processo chega ao tribunal o senhor juiz é só dizer, ou que prescreveu ou que não há matéria de facto para condenação. Ou então dá um veredicto sobre outro assunto entretanto provado mas que tenha só direito a uma reprimenda ou um puxãosito de orelhas.
Ainda me lembro de ver Judites queixarem-se de ter de utilizar os carros particulares para fazerem o seu trabalho porque muitas vezes os da polícia estavam avariados. Andassem de cavalo que é para o que eles servem. Metam os olhinhos em D. Quixote. Acaso andava de Mercedes? Ele queria era um Rocinante ali a cair de velho, uma pileca de primeira.
Agora vou ali tirar uma licenciatura na Independente a correr a ver se chego a administrador de um grande banco e começo a cobrar favores que isto de escrever blogues não dá guito nenhum.
Olha que coisa... A Independente fechou. Agora onde é que vou tirar a minha licenciatura a um domingo?
Coisa útil era os Cavaleiros da Triste Figura dizerem onde é que é agora a universidade da moda. Isso sim é que era serviço. Agora andarem atrás de meliantes.
Podia viver sem a Polícia Judiciária? Podia. Mas não era a mesma coisa...
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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