terça-feira, 10 de novembro de 2009

Nação mínima

"O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, pode revelar, esta terça-feria, se existem ou não indícios criminais nas escutas de conversas telefónicas entre José Sócrates e Armando Vara. Contactada pela TSF, a assessoria de imprensa do Supremo confirma que admite revelar já hoje esta informação."

Claro que isto seria notícia num país assim como os Estados Unidos por exemplo porque lá havendo provas, quem prevarica vai dentro. E não é só o Bernard Madoof. Há todo um rol de figuras públicas desde senadores, congressistas, actores, banqueiros etc, que havendo provas vão dentro. 
Por cá lendo esta notícia, fico a pensar que a 1ª coisa que José Sócrates irá dizer é que lá vem outra campanha "negra" e que as forças ocultas da oposição querem dar um golpe de estado e eu sei lá mais o quê...
Vivemos num país onde um Primeiro-Ministro tem uma licenciatura "passada" a um domingo e uns exames que é de bradar aos céus (qualquer imberbe do 2º grau do ensino básico faria aquilo com uma perna às costas e a dançar o vira). E é aqui que tudo falha. A falta de VERGONHA e de HONRA deste tipo de pessoas. É grave! Muitíssimo grave! Não se pode julgar ninguém até que esta seja efectivamente condenada mas há todo um historial por parte do Zézito que não deixa margem para dúvidas: ele é a licenciatura (ou a forja dela para ser mais exacto), ele é as assinaturas em projectos de construção que não os dele, ele é o Freeport, ele é a Cova da Beira, ele é o "futuro caso" dos terrenos da Amadora (ainda só o jornal Sol raspou neste assunto), ele é o apartamento no Heron Castilho abaixo do preço de custo prá mamã... Etc. Etc. Etc.
Eu sinceramente... Seremos assim um país tão idiota que tenhamos a falta de verticalidade tal que já não nos importamos sequer com o que este homem possa ser? Passou por acaso na cabeça de algum de vós que ele possa ser mesmo um meliante de fato e gravata? Não será por demais legítimo usarmos a cabeça e somar 2+2? É que a legitimidade eleitoral vale o que vale. Oeiras também é um concelho com a mais elevada taxa de habitantes licenciados e não deixou de eleger para presidente da câmara um criminoso devidamente condenado em tribunal com pena de prisão efectiva e que ainda goza com as autoridades ao gabar-se publicamente de crimes entretanto já prescritos.
Não teremos o direito à indignação?! Mas é um homem destes Primeiro-Ministro e isso fá-lo por acaso estar acima do resto de nós, acima da lei e da autoridade judicial? Não há um juiz com as bolas no sítio que de uma vez por todas comece a meter isto tudo na ordem? Onde estás tu Di Pietro? 
E pronto... Lá me deu para o desespero. Lá fui eu ingénuo, lá fui eu em mirambolices... Estou cansado. Estamos muitos de nós cansados. Tudo isto já não é um princípio do fim. Já é um fim em si. Vivemos num país que se alguém da Máfia por acidente descobre, toma conta disto em 1 ano ou menos. Mas foi para isto que se construiu um país?
Estarão a perguntar: "Mas é só mais um caso a envolver o Socras..." 
Só mais UM?!?! Mas um que fosse e já não era suficientemente grave?
Enfim... Confiasse eu nos juízes e estaria num estado menos pré-comatoso. Mas olhando à minha volta, vendo no que Portugal se tornou deixa-me antever o pior. 
Acho que mais uma vez tudo vai ficar em águas de bacalhau. Será sempre preciso um caso, O PROCESSO, o primeiro que seja onde definitivamente se condene um alto funcionário do estado ou do sector privado: seja ele ministro, banqueiro, director geral o que quer que seja. Alguém já se deitou a pensar até onde pode ir um Estado que não está em estado de direito? Não será a roda livre em que nos encontramos agora o fim de nós como povo e como nação? O que é uma nação sem direito efectivo? Existirá de facto per si ou é apenas uma amálgama de pessoas a viver num determinado território em determinado momento ainda que para tal não estejam reunidas as condições mínimas para ser um Estado tal como se passa com o Kosovo, que nem sequer tem estrutura para ser um concelho quanto mais um país?
É esta a ideia de país que nós temos? Ou o português nem sequer já tem ideias? Somos a Jamaica da Europa? Estamos condenados a viver do sol, turismo e mais turismo, sendo tudo o resto um imenso nado-morto? Há uma ideia para esta terra? Há por aí alguém? Estou no meio do deserto? É o facto de ainda haver muita gente que julga que isto está a funcionar que faz disto um país de factum?
Quando um povo é inerte, inerte é o seu rumo e mínima é a sua esperança. Não esperem grandes coisas de uma nação sem um grande povo...

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