segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Nobel da Paz a caminho de Israel

Um rabbi israelita (para quem não sabe não, não é um israelita homossexual mas sim uma espécie de padre) argumentou num livro que os judeus têm permissão para matar não-judeus. Isto inclui como é democrático, bébés e crianças obviamente, que constituam de alguma forma uma potencial ameaça a judeus ou a Israel.
O senhor "rabbi" parece que de seu nome Yitzhak Shapiro, espetou literalmente com este pensamento no seu livro "The King´s Torah"...
Olha! Saí aí um Prémio Nobel da Paz aqui para este cliente da mesa 7 se faz favor!

Pagar por tabela

Portugal tem 3 empresas entre as 100 maiores construtoras da Europa.
Especificamente em 86º Soares da Costa, 78º Teixeira Duarte e 45º Mota-Engil respectivamente.
Ora com um país cheio de auto-estradas que vão dar a lugar nenhum, com cerca de 545 mil casas por vender, com pavilhões multiuso à média de 1 quase por freguesia , com rotundas a cada 10 metros, com obras contratadas a autarquias desde o tempo da Maria da Fonte, estava a crer que qualquer daquelas empresa estava pelo menos nos 10 primeiros lugares... Que vergonha!
Um país que vive do pato-bravismo, uma economia baseada no baixo pagamento de salários e inundados de trabalhadores ilegais e obras públicas e ainda assim estes administradores não têm vergonha de apresentarem este lugar na tabela da "European Powers of Construction"? Cá para mim só há uma solução: trabalhar de borla. E não digam que não porque eu tenho que nós até devíamos pagar para trabalhar nestas tão nobres empresas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A este alguma coisa de novo

Um juiz israelita fez história em jurisprudência quando na semana passada decidiu que um adolescente árabe necessitava de protecção do sistema de justiça e ordenou que o jovem não fosse condenado apesar de ter sido dado como culpado de lançar pedras a um carro da polícia durante um protesto contra os ataques de Israel na faixa de Gaza no inverno passado.
O que é que isto tem de novo? Primeiro a decisão em si e depois pela 1ª vez um juiz decide que os cidadãos árabes devem ser julgados em tribunais civis tal como os judeus o são e não em tribunais militares como é o caso até aos dias de hoje. Temos juiz...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Minar crenças

Por lá...

http://www.publico.pt/Mundo/os-suicos-tem-medo-dos-minaretes-e-nao-sao-os-unicos-na-europa_1408904

Por cá...

http://www.publico.clix.pt/Local/especialista-do-patriarcado-acha-que-igreja-de-troufa-real-para-o-restelo-da-muito-nas-vistas_1410258

Descubra as verdadeiras diferenças entre ser islâmico e cristão  na Europa. Uns são referendados a ver se podem erguer minaretes. Outros fazem-nos com "104" metros de altura. Vicissitudes de um sistema viciado e que premeia sem dúvida a diferença entre coisas que à partida deveriam ser iguais que é nem mais nem menos o livre acesso a uma crença religiosa com igualdade de direitos. Sim! Porque dizem por aí que na Europa somos laicos...
E já agora a minha declaração de interesses. Gosto tanto de ouvir sinos de igreja como os chamamentos nos minaretes...Ou seja... Uns segundos daquilo ainda se aceita. Agora recitais inteiros de sinos a dobrar a lembrar uma noite inteira a ouvir martelos pneumáticos e chamamentos de acordar os ursos em hibernação no Canadá... Tenham lá paciência. Moderação nunca fez mal a ninguém. E fossem menos doutrinários e respeitadores da liberdade de crença uns dos outros e se calhar não tínhamos tido tanto conflito e guerra por esse mundo fora. Pronto! Lá se me deu para o sentimentalismo outra vez. Raio do rapaz hein...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Garrafadas

"Os autarcas do Montijo e Alcochete exigem uma nova ligação rodoviária da ponte Vasco da Gama aos respectivos concelhos, de modo a resolver os congestionamentos de tráfego."

Congestionamentos na Vasco da Gama? Hein? Não devo ter lido bem concerteza. Estes autarcas só podem estar a confundir engarrafamentos com engarrafados. É que só pode...

o 1º dos ministros

"O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, admitiu hoje que o aumento dos salários para 2010 deverá situar-se na ordem de 1 a 1,5 por cento."

É impressão minha ou aquele senhor dá-se a ares de 1º ministro?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Nobel para que te quero

Acontece isto:

http://pt.mondediplo.com/spip.php?article420

E os Estados Unidos liderados pelo Prémio Nobel da Paz respondem com isto:

http://aljazeera.com/news/articles/39/US-Congress-endorses-Israeli-war-crimes.html

Um verdadeiro mimo estas pessoas que atribuem este tipo de prémios a uma espécie de pessoas que fazem "tudo" mas tudo para promover a paz. É que para a próxima eu tenho uma sugestão para a Academia Norueguesa do Prémio Nobel da Paz. E que tal mudar isso de Paz para Guerra? Eram um pouquito mais coerentes não?

Anedota construtora

Uma piada que dá que pensar (querendo eu publico a versão em português, é só pedir s.f.f.)

QUE LA PINTE EL INGLES...!!!
 

El alcalde de Miami pide cotizaciones para pintar la
fachada del Ayuntamiento, y le entregan 3 ofertas
(de un inglés, un alemány un español).

La del inglés asciende a 3 millones de dólares, la del
alemán a 6 millones, y la del español a 9 millones.

Ante tales diferencias, se entrevista con los ofertantes,
por separado, para que justifiquen su estimado de costo.

El inglés dice que él usa pintura acrílica para exteriores
en dos capas, y que cuesta 1 millón; en andamios,
brochas, equipos y seguros se va otro millón, y el otro
millón restante es la mano de obra.

El alemán justifica su estimado diciendo que él es mejor
pintor, que usa pintura de poliuretano con tres capas,
cuyo costo asciende a 3 millones.
En andamios, otros materiales, equipos y seguros se
gastan otros 2 millones, y el millón restante es la mano
de obra.

El último, que es el que finalmente gana la licitación ya
que el alcalde asegura que es el presupuesto mejor
justificado, resulta ser la del español que le
dijo: Mire Alcalde, 3 Millones son para usted, otros 3
para mí, y los 3 restantes se los damos al inglés para que
nos pinte la fachada'.

P.D.
¡¡¡CUALQUIER PARECIDO CON LA VIDA POLÍTICA DE TU
MUNICIPIO ES PURA COINCIDENCIA..!!!!


Anedota que anda a percorrer as caixas de correio electrónico espanholas e que me foi reenviada de lá. Afinal isto da corrupção e compadrio de patos bravos... Lá como cá!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Necessidade desnecessária

Acho que o jogo de ontem da selecção de futebol devia levar Carlos Queirós e principalmente os jogadores a reflectir profundamente. Mas isso não parece por ora importar muito.
Os erros durante a fase de apuramentos por grupos não correu bem. A derrota com a Dinamarca os empates com a Suécia e depois todos os jogos a sofrer... Enfim. A história deste apuramento é completamente aflitiva.
Ontem foi o corolário da má época de apuramento.
Os Bósnios esse nobre e civilizado povo brindou a comitiva da selecção portuguesa com cuspidelas e ofensas verbais logo à chegada ao aeroporto. Depois foi o almoço de ontem servido aos dirigentes da selecção às 15h30. Depois o estado do relvado que metia vergonha a muitos batatais. Depois um estádio que tinha lotação de 13 mil mas que estava muito perto dos 20 mil. Depois os lançamentos de garrafas (sim em países civilizados como aquele permitem garrafas nos estádios) contra jogadores portugueses e equipa de arbitragem. Depois... E depois... É um rol incontável de comportamentos dignos pois de um país que ainda nem sequer saiu do fraldário e tentou a todo o custo humilhar um país com mais de 2 mil anos de história.
Tínhamos mesmo necessidade de ter chegado àquele jogo?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Credibilidades

"O actual presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), o social-democrata Fernando Ruas, recebeu o apoio que tinha pedido à líder do seu partido para continuar à frente das autarquias portuguesas nos próximos quatro anos." 18.11.09

"O presidente da Câmara de Viseu e presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, foi hoje condenado a 100 dias de multa, à taxa diária de 20 euros, por ter incitado a "correr à pedrada" os vigilantes da natureza." 13.07.09

Mais um condenado pela justiça a ocupar um cargo político de relevância. E a Manelinha que era tanto contras estas coisas...

Desemprego a evitar

"O vice-presidente do Banco Comercial Português (BCP), Armando Vara, que é hoje ouvido pelo juiz de instrução criminal de Aveiro como arguido no processo Face Oculta, vai continuar a receber um salário de cerca de 30 mil euros brutos até ao apuramento dos factos, apesar de ter suspenso as funções."

Ora bem! Analisemos a situação. O homem basicamente por ser arguido acaba por lhe sair a lotaria, diriam. Não trabalha (sim porque não julguem que estes homens não trabalham, porque isso é redondamente um engano) e ainda por cima leva os 30 mil sequinhos para casa.
Queriam que ele fosse despedido não?! Já não chega os quase 10% de desemprego não?! É de evitar a perda desta tão especializada mão-de-obra de Vara.
Tenho uma pena imensa destas pessoas. Ele no fundo deve se estar a sentir pessimamente. O que é que ele vai fazer com aquele salário e com todo o tempo disponível que agora tem? É que não é justo! Arranjem lá isso depressa porque deve ser terrível estar nesta situação. Um homem daqueles condenado a jogar Playstation o dia todo... Não há justiça decididamente!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fazer pela vida

Teixeira dos Santos é o pior ministro das finanças da Europa segundo uma tabela do jornal de economia inglês Financial Times.
Quem está no topo da lista é o congénere finlandês Jyrki Katainen. 18.11.08

Teixeira dos Santos é o 4º pior ministro das finanças da Europa segundo uma tabela do jornal de economia inglês Financial Times.
Quem está no topo da lista é a congénere francesa Christine Lagarde. 17.11.09

Ora aí está uma pessoa que de certeza jamais vai utilizar este argumento para dizer que estamos a sair da crise... Já o mesmo não se poderá dizer dos seus colegas. Estou para ver o 1º a dizer que o desempenho do senhor na tabela do FT prova que estamos a fazer progressos ao nível da economia. Nisto ficamos a saber que o governo francês tem feito pela vidinha e o filandês descuidou-se.
Pena que não se consiga arranjar um plano nacional tipo Novas Oportunidades para mascarar os índices da educação nacional e fingir que estamos a subir a nível internacional (tal como os relatórios da OCDE confirmam) e começarmos a pular por aí acima nas tabelas do FT e do Eurostat no campo económico.
Vá-lá! Não está por aí o rapazinho que inventou as Novas Oportunidades? Inventem lá mais uma para disfarçar o real valor das coisas porque estamos a ficar especialistas no assunto ou não? Faz-me lembrar a diferença entre um bacharel de engenharia e uma licenciatura. Por cá já se consegue esbater a diferença por exemplo...

Obras x Atraso = Emprego

"A taxa de desemprego em Portugal disparou, durante o terceiro trimestre deste ano, para 9,8 por cento, o que representa o valor mais alto registado desde pelo menos 1983." 

Ouvi no sábado na televisão um responsável duma associação qualquer de construtores (que lamentavelmente não sei o nome) a dizer uma pérola tuguinha: "Se não existissem atrasos nas obras públicas havia mais gente no desemprego."
AHAHAHAHAH!!!
Ainda dizem que o tuga não é um povo com imaginação e capacidade. Em tempos de crise está dada a receita. Atrase-se indefinidamente as obras públicas e o índice de desemprego baixa consideravelmente. E ganham patrões e empregados. Que o Estado seja pelo meio delapidado e burlado pelas construtoras que não entregam as obras a tempo é só um pormenor sem importância absolutamente nenhuma.

sábado, 14 de novembro de 2009

O Pântano

O caso "face oculta" parece-se cada vez mais com o pântano onde por cada passo se dá, mais se avança na lama. Hoje o dia fica marcado pela contra-ofensiva do PS. As declarações proferidas durante o dia de hoje são, primeiramente, ponderadas, exactamente no ponto em que é criticada a excessiva mediatização da justiça portuguesa. O tempo que vivemos é perigoso por trazer para a rua algo tão sensível como a justiça - como já tive oportunidade de deixar claro em momentos anteriores, esta espiral infernal de justiça pelo soundbyte gera um sentimento de injustiça e impunidade que pode levar a que a sociedade perca o discernimento que ainda possui.

Contudo, considerar que as escutas são em si mesmas ilegais, é algo que já está no domínio do contra-informacional. As escutas só seriam ilegais caso o alvo da escuta fosse o Primeiro-Ministro, o Presidente da República ou o Presidente da República e sê-lo-iam pelo simples facto que as mesmas carecem de autorização prévia do Supremo Tribunal de Justiça (alínea b, n.º 2 do art. 11.º do CPP). O que se passou neste caso é que o alvo da escuta é Armando Vara que, como qualquer outro cidadão que tenha amigos, pode falar com os dele - por acaso o Primeiro-Ministro é amigo de Vara. Daqui resulta, do meu ponto de vista, que as escutas não são ilegais. Desta forma, o que existe é a possibilidade de tais escutas serem nulas - que é algo que eu deixo para ser resolvido pelos praticantes de juridiquês. (O multiplicar destas declarações Por diversos dirigentes do PS vem confirmar que no seio deste a cartilha da ilegalidade das escutas está para durar.)

Estamos no meio de fogo cruzado entre informação e contra-informação. Tenho para mim que a PJ não tem um tipo por turno com o ouvido colado ao gravador para saber com quem é que fulano ou Sicrano estão a falar. Contudo, também ainda não é público o conteúdo das escutas (talvez nunca o seja), pelo que não se pode confirmar sobre o que falava Vara com Sócrates. Logo, parece-me que podemos estar a partir de um série de pressupostos errados que estão a levar os dois lados da barricada a uma guerra cega e surda de argumentos sobre algo que, presumivelmente, não sabem o que é (daí considerar que qualquer reacção do Primeiro-Ministro nesta fase é, no mínimo, extemporânea).

Não quero com isto defender nem o PM nem quem o ataca. O que me apraz dizer é que no meio disto tudo estão as instituições - que são o âmago do Estado, visto que, ao contrário das mulheres ou homens que as comandam, estas têm um prazo de validade quase sempre superior ao da vida humana. E no caso em questão, não são apenas as instituições de cariz político que se estão a desgastar - essas são, e bem, fulanizadas, visto que um governo é a marca de quem o comando ou do colégio de comandantes. Já a justiça é o pilar central onde assenta o estado democrático - o poder judicial é aquele que garante ao cidadão a sua defesa perante o Estado e não só entre os seus pares. É aqui que se inicia a paz, enquanto processo, visto que é pelo direito que se faz justiça e que com esta o caminho para a paz é sempre mais curto; é no poder judicial que radica a capacidade de lutar, em democracia, contra os abusos do poder estabelecido; é na justiça que estão as últimas esperanças dos homens bons e livres.

Contudo, o estado a que chegámos leva a que o aparelho judicial seja um saco de gatos que, lutando entre si, talvez se esqueçam que os entraves à sua actividade são colocados não pelos agentes da justiça mas pelos legisladores, porque a justiça é feita pelo direito e este constitui-se como uma ordem normativa - em que a medida pelo qual o juiz julga é apenas aquela determinada pela régua do legislador.

Por fim, este estado de coisas prenuncia que a crise social que muitos adivinhavam vir à boleia da crise económica (duplamente estrutural, por colocar a nu as fragilidades do sistema financeiro internacional e por aprofundar a nossa crise económica interna), poderá vir, principalmente, da crise institucional que estamos a viver actualmente e que se aprofundará com a nossa contínua caminhada por pântanos cada vez mais lamacentos e imperceptíveis.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Anacomida

"O Conselho de Ministros aprovou ontem a nomeação do ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Filipe Boa Baptista, para o cargo de vogal do conselho de administração da Anacom."

Daqui a um bocado estão a pensar que o Governo quer de alguma forma por a mão na reguladora dos meios técnicos de difusão dos orgãos de comunicação social hertzianos em Portugal não?
Más línguas vocês pá!

Só pra(nos) recordar




Sovenco! Só vendo no que este nome ainda vai dar que falar. Sociedade de Venda de Combustíveis. Recordemos uma característica peculiar desta empresa à altura da sua fundação, 1990, com sede ali num 7º andar da Av. Elias Garcia na Amadora. Até ver os seus sócios constituintes 3 iniciais e mais 3 posteriormente estão todos a ser investigados pela Judiciária e/ou estão todos com a Justiça às costas e em alguns casos com penas de prisão aplicadas (suspensas que isto ir cumprir pena efectiva só não tendo um bom juiz: perdão; um bom advogado). O que é isso que tem de "novo" questionar-se-ão? 
Olhem só o nível dos sócios à época: Armando Vara, Fátima Felgueiras, Virgílio de Sousa, Rui Vieira... E José Sócrates! Este é o único que ainda não tem caso a correr em tribunal por, talvez, sei lá, provavelmente, digo eu, ser 1º ministro... O Tony Soprano dificilmente reuniria uma equipa melhor.

Sem nível

Alguém que tenha assistido ontem ao jornal da SIC Notícias e tenha visto um juiz a ser captado pela câmara a ler uma declaração com a assinatura de Armando Vara e confrontado com uma pergunta do jornalista daquela televisão sobre se estava a ler a declaração? Não? Ninguém viu? Sabem qual foi a resposta daquele juiz (que eu adoraria saber o nome)?
"Não! Não estava a ler nenhuma declaração. Isso não é verdade!" Desculpe?!?! Responda-me lá a uma perguntinha senhor juiz: é com esta elevação moral de uma pessoa que pertence a um colégio eleitoral responsável pela eleição do juiz do Supremo Tribunal de Justiça que vai julgar casos no seu local de trabalho? Um juiz mente pública e descaradamente? Vocês já estão a este nível?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Breves apontamentos

A semana vai sendo pontuada por demasiados casos para que não faça um breve comentário sobre todos eles:

1. O caso "face oculta" começa a revelar que o juridiquês, esse dialecto precioso do reino, deve ser elevado a património imaterial da humanidade. É no meio da teia legislativa, nascida da Assembleia Partidocrata Portuguesa, que somos constantemente confrontados com informação, contra-informação e desinformação sobre as escutas e a sua validade. A lei é una mas não deixa de poder ser interpretada de forma subjectiva, o que leva a que alguns doutos senhores afirmem que as escutas que envolvem o PM são inválidas ab initium e outros tantos digam exactamente o seu contrário. Por mim, o problema está no facto da espuma do tempo apenas levar a que a descrença, a desconfiança e a impunidade grassem vertiginosamente por Portugal - a mediatização da justiça, sector que parece precisar mais do soundbyte do que do recato e da calma, condiciona não só todos os agentes judiciais que se tenham de pronunciar como leva a que, qualquer que seja a pessoa, PM, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras ou o Eusébio, possam ser condenados/absolvidos a priori. Creio que, no meio disto tudo, está criado o caldo de cultura para que qualquer deriva securitária e justicialista atinja as mais altas esferas do poder... Preocupante...

2. No meio da turbulência do caso supracitado, quase que foi negligenciado o chumbo, pelo Tribunal de Contas, do visto aos contratos de empreitada das Auto estradas prevista para Trás-os-Montes. Nesse caso, em que o Tribunal de Contas mostrou muitas reservas quanto à legalidade dos contratos, o que me preocupou foi a pronta resposta, tipicamente demagógica, de que o atraso nas obras leva a que muitos postos de trabalho estejam em risco. é triste constatar que a corrupção não é um caso político-jurídico, mas um caso de ética, moral e bons costumes que, desgraçadamente, começam a ser um recurso escasso em Portugal.

3. Os 20 anos da queda do muro de Berlim foram efusivamente festejados. Foi um momento marcante, não só para os que o viveram mas também para todos Nós que vivemos num mundo onde os perigos e a conflitualidade, mesmo que tão ou mais latentes que durante a Guerra Fria, não pairam no ar com tanta intensidade, com tanto terror. Mas acima de tudo, este aniversário serve para nos lembrarmos que há muros, visíveis e invisiveís, que o Ser Humano, na sua dimensão sócio-cultural e sócio-política ainda deve combater. O racismo, a xenofobia, o desrespeito pela diferença de género, opção sexual, religiosa ou política são ainda mais profundos do que os muros de Chipre, Cisjordânia, Estados Unidos, Coreias - estes são feitos de pedras, que os bons sentimentos e as boas vontades podem destruir, os primeiros são visceralmente humanos e não podem ser derrubados senão pela educação e informação.

4. Isto relembra-me Locke e a "sua carta sobre a tolerância" - a tolerância é um dom das minorias, que rapidamente se esquecem dela quando se tornam maioritárias. Lapidar o comentário de Vital Moreira no Público de dia 10 de Setembro em que são apresentados os dois pesos e duas medidas da Igreja Católica na matéria relativa à liberdade apresentação de simbologia religiosa e à imparcialidade do Estado face aos credos religiosos. Desta forma, lembro que as declarações proferidas no âmbito da Conferência Episcopal enfermam de um erro crasso - o casamento entre homossexuais é, antes mais, matéria terrena, profana, que não se compadece com o sagrado - é portanto, assunto de Estado. Ou seja, a tomada de posição dos mais altos representantes da Igreja Católica Portuguesa só poderia ter lógica se admitisse, como pressuposto, que o contrato que se pretende alargar aos homossexuais é um contrato civil e não um contrato perante qualquer credo. Depois de separar a matéria de Estado, poder-se-ia dizer se se acha correcto ou não e difundir a posição universal (católica) sobre a questão. A situação ainda foi pior quando se comparou a mesma a um ataque ideológico e se levou a comparação da mesma com a miséria, a fome e o desemprego que a crise económico-financeira agudizou. Primeiro, se a questão não é prioritária, porque não deixá-la ser tratada enquanto matéria meramente legislativa e pedir um referendo, que leve a atenção dos portugueses a dispersar-se para tão insignificante questão? Segundo, é imoral comparar um contrato de vontades a situações de necessidade, que são incomparáveis, quer pela urgência, quer pela natureza?

5. De realçar a vitória de Obama no primeiro round da reforma do sistema de saúde. Falta o mais difícil, mas é encorajador que a Câmara baixa (House of Representatives) tenha passado a contada saúde para o Senado caucionar.

6. Por fim, a crise do Sporting. As coisas no Campo Grande vão de mal a pior. A mim, que sou benfiquista, dá-me vontade de rir. Primeiro, porque um clube de elite descobriu que tem terrorismo - deve ser do caviar ou do champagne. Segundo, porque o Presidente dos verde-e-brancos pediu cagança aos jogadores e elogia Pedro Barbosa nos seguintes termos "Ca'ganda sportiguista que tu foste", elevando o nível do discurso. Terceiro, porque escolhem para Director-Desportivo um ex-jogador que é mais conhecido pelos seus dotes de boxeur do que pelo seu jeito para jogar à bola, o que anuncia um tempo de paz no futebol do SCP - não me parece que qualquer adepto, etarra ou não, tenha vontade de dizer a Sá Pinto qualquer impropério, nem que seja pelo simples facto de poder experimentar o famoso gancho de esquerda do ex-futebolista, formado nas escolas do... FCP. Por último, parece que vão contratar um treinador. Se eu fosse do Sporting, pediria, antes de mais, que se contratassem adeptos - é que daqui a pouco, o Sporting é um clube à Belenenses - simpático, inofensivo e cada vez mais pequeno...

A partida final de Robert Enke




E eis que quando menos se espera um bom homem parte. Por vontade própria. O que dói mais. Dor que sentia fisicamente derivada duma doença e sobretudo a dor mental de ter perdido uma filha ainda menina.
Coisas que não se explicam... Apenas podemos constatar que as partidas repentinas são sempre as que menos se entendem. Triste destino este o dos bons homens deste mundo...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O meu lençol é mais branco que o teu

E como tarda mas nunca falha aí está o papel de seu nome:

"Em favor do verdadeiro casamento: Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa..."

Uma pérola meus senhores. Uma pérola.
Uma tradição milenar esta da igreja católica ter a estranha mas no entanto persistente mania de se enfiar nos lençóis dos outros e de querer ditar sobre matéria que não lhe diz minimamente respeito.
À religião o que é da religião e aos homens o que é dos homens. A vida sexual e o contrato conjugal entre duas pessoas, independentemente do seu sexo é da esfera exclusivamente privada e não diz  respeito à igreja seja ela qual for. Mas porque é que sendo a igreja católica defensora do celibato entre os seus padres há de querer sequer ter a pretensão de ditar a resposta sexual e sentimental entre duas pessoas sejam elas do mesmo sexo ou não?
Mas quando é que esta gente pára de se substituir à moral dos outros? Razão tinha o ex-bispo de Setúbal quando dizia que se tivesse um filho e que este tivesse uma vida sexual activa, que lhe recomendaria o uso do preservativo. Mas isto é uma excepção. Sim porque não esqueçamos que o Vaticano já provou que o preservativo não pára a transmissão do VIH. Aquele baluarte de investigação científica mundial está sempre em cima do acontecimento. Em cima salvo seja.... Porque eu quero lá saber se eles têm vida sexual ou não. Aliás outro absurdo é ouvir os católicos dizerem que não pode haver padres homossexuais. Mas se eles praticam celibato que raio tem a igreja a ver com o facto de eles serem ou não?
É esta a moral que infelizmente impera por cá. Referendo? Mas NUNCA! Se duas pessoas do mesmo sexo querem casar casem. Se se quiserem divorciar que se divorciem. Agora que duas pessoas católicas do mesmo sexo queiram casar pela igreja deles, isso é da competência deles e do Vaticano. Se quiseram ser católicos têm de gramar as doutrinas todas. E lutem dentro do seio da igreja para mudar as coisas. Agora não venham é os padres querer decidir sobre a vida privada de quem é e não é católico. Os católicos também têm todo o direito a um casamento civil entre pessoas de sexo igual e a igreja tem de se conter ao seu papel de religião e ponto final. Não tem nada que se andar a meter nos lençóis alheios...

Uma questão de probabilidades

"O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considerou que as escutas feitas ao primeiro-ministro, José Sócrates, no âmbito do caso “Face Oculta” são nulas, avança esta terça-feira a edição online do semanário Expresso."

Fosse assim tão fácil adivinhar os números do Euromilhões...

Nação mínima

"O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, pode revelar, esta terça-feria, se existem ou não indícios criminais nas escutas de conversas telefónicas entre José Sócrates e Armando Vara. Contactada pela TSF, a assessoria de imprensa do Supremo confirma que admite revelar já hoje esta informação."

Claro que isto seria notícia num país assim como os Estados Unidos por exemplo porque lá havendo provas, quem prevarica vai dentro. E não é só o Bernard Madoof. Há todo um rol de figuras públicas desde senadores, congressistas, actores, banqueiros etc, que havendo provas vão dentro. 
Por cá lendo esta notícia, fico a pensar que a 1ª coisa que José Sócrates irá dizer é que lá vem outra campanha "negra" e que as forças ocultas da oposição querem dar um golpe de estado e eu sei lá mais o quê...
Vivemos num país onde um Primeiro-Ministro tem uma licenciatura "passada" a um domingo e uns exames que é de bradar aos céus (qualquer imberbe do 2º grau do ensino básico faria aquilo com uma perna às costas e a dançar o vira). E é aqui que tudo falha. A falta de VERGONHA e de HONRA deste tipo de pessoas. É grave! Muitíssimo grave! Não se pode julgar ninguém até que esta seja efectivamente condenada mas há todo um historial por parte do Zézito que não deixa margem para dúvidas: ele é a licenciatura (ou a forja dela para ser mais exacto), ele é as assinaturas em projectos de construção que não os dele, ele é o Freeport, ele é a Cova da Beira, ele é o "futuro caso" dos terrenos da Amadora (ainda só o jornal Sol raspou neste assunto), ele é o apartamento no Heron Castilho abaixo do preço de custo prá mamã... Etc. Etc. Etc.
Eu sinceramente... Seremos assim um país tão idiota que tenhamos a falta de verticalidade tal que já não nos importamos sequer com o que este homem possa ser? Passou por acaso na cabeça de algum de vós que ele possa ser mesmo um meliante de fato e gravata? Não será por demais legítimo usarmos a cabeça e somar 2+2? É que a legitimidade eleitoral vale o que vale. Oeiras também é um concelho com a mais elevada taxa de habitantes licenciados e não deixou de eleger para presidente da câmara um criminoso devidamente condenado em tribunal com pena de prisão efectiva e que ainda goza com as autoridades ao gabar-se publicamente de crimes entretanto já prescritos.
Não teremos o direito à indignação?! Mas é um homem destes Primeiro-Ministro e isso fá-lo por acaso estar acima do resto de nós, acima da lei e da autoridade judicial? Não há um juiz com as bolas no sítio que de uma vez por todas comece a meter isto tudo na ordem? Onde estás tu Di Pietro? 
E pronto... Lá me deu para o desespero. Lá fui eu ingénuo, lá fui eu em mirambolices... Estou cansado. Estamos muitos de nós cansados. Tudo isto já não é um princípio do fim. Já é um fim em si. Vivemos num país que se alguém da Máfia por acidente descobre, toma conta disto em 1 ano ou menos. Mas foi para isto que se construiu um país?
Estarão a perguntar: "Mas é só mais um caso a envolver o Socras..." 
Só mais UM?!?! Mas um que fosse e já não era suficientemente grave?
Enfim... Confiasse eu nos juízes e estaria num estado menos pré-comatoso. Mas olhando à minha volta, vendo no que Portugal se tornou deixa-me antever o pior. 
Acho que mais uma vez tudo vai ficar em águas de bacalhau. Será sempre preciso um caso, O PROCESSO, o primeiro que seja onde definitivamente se condene um alto funcionário do estado ou do sector privado: seja ele ministro, banqueiro, director geral o que quer que seja. Alguém já se deitou a pensar até onde pode ir um Estado que não está em estado de direito? Não será a roda livre em que nos encontramos agora o fim de nós como povo e como nação? O que é uma nação sem direito efectivo? Existirá de facto per si ou é apenas uma amálgama de pessoas a viver num determinado território em determinado momento ainda que para tal não estejam reunidas as condições mínimas para ser um Estado tal como se passa com o Kosovo, que nem sequer tem estrutura para ser um concelho quanto mais um país?
É esta a ideia de país que nós temos? Ou o português nem sequer já tem ideias? Somos a Jamaica da Europa? Estamos condenados a viver do sol, turismo e mais turismo, sendo tudo o resto um imenso nado-morto? Há uma ideia para esta terra? Há por aí alguém? Estou no meio do deserto? É o facto de ainda haver muita gente que julga que isto está a funcionar que faz disto um país de factum?
Quando um povo é inerte, inerte é o seu rumo e mínima é a sua esperança. Não esperem grandes coisas de uma nação sem um grande povo...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hoje Muro Virtual



O que se pode dizer do dia de hoje? Especial para mim por razões particulares. Especial de certo para os germanos por razões gerais.
20 anos é o tempo que dista da "queda" do Muro de Berlim. Convenhamos: aquilo não caiu. Diz-se que foi mandado abaixo.
Tanta coisa se poderia dizer mas agora não temos tempo... Tempo esse que seria sempre pouco para descrever toda a época vivida de lá até hoje e se de facto o mundo mudou assim tanto.
Alguém disse algo do género: " O comunismo era mau mas nós não sabíamos. O que já sabíamos era que o Capitalismo não era nada bom."
Hoje milhões de alemães vivem numa espécie de pátria orfã. São alemães mas são de uma Alemanha diferente. Uma Alemanha que era controlada pela Stasi, onde tudo tinha uma ordem, a liberdade valia o que valia. Era a célebre Cortina de Ferro, Cortina de Aço, Muro da Vergonha. Mundos àparte. Realidades díspares.
Hoje os 5 estados federados da antiga República Democrata Alemã continuam os últimos na economia alemã. Não chegam a 70% da economia da ex-República Federal e a taxa de desemprego é o dobro dos irmãos ditos ocidentais (perto dos 17%). A economia da ex-RDA não descola.
""A unidade alemã não foi alcançada ainda completamente porque entre o Leste e o Oeste continuam a existir diferenças estruturais." disse Angela Merkel a chanceler alemã.
Durante 40 anos, a RFA viveu num regime capitalista, controlado por França, Inglaterra e E.U.A. onde foram "dados" cerca de 3,3 biliões de dólares ao abrigo do Plano Marshall. Este plano Marshall que um dia abordarei de uma outra forma pois este plano tornou a Europa refém dos interesses e grandes indústrias do capital Norte Americano.
Hoje então o que se poderá fazer? Sim porque só existe uma Alemanha fisicamente, social e economicamente são duas realidades diametralmente opostas. É um esforço que não me atrevo a pensar como vai ser conseguido. Por cá já se passaram 35 anos duma Revolução e social e economicamente descolámos. Mas temos um estado baseado na pequena corrupção, peculato, troca de favores e interesses escuros. As mentalidades também evoluíram lentamente."Se o Estado "rouba" eu também roubo." Diz o portuguesinho alegremente.
Na Alemanha a realidade de Leste não será muito diferente. Houve alguma evolução, mas as mentalidades estarão desfazadas dos seus irmãos ocidentais. Vivem com um passado que não é fácil de carregar. 1º a Alemanha Hitleriana, depois a Alemanha Estalinista.  Fardo último este que passou ao lado da Alemanha Federal. Viveram o pior de 2 mundos. E continuam numa outra Europa.
O que é certo é que têm de viver em comum e em comum encontrar soluções para que de facto o Muro caia. Sim porque só quem não conhece um pouco a realidade alemã é que se atreverá a dizer que de facto o Muro já não existe...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A taberna do costume

Ontem um patrão dos patrões sai-se com esta verdadeira preciosidade:

"O salário mínimo não pode ser aumentado porque 25% das exportações do país estão dependentes do pagamento de salários baixos."

De repente senti-me assim numa república das bananas na América do Sul, África ou mesmo Oceania...
É tão bom ver que o nosso cantinho ainda está nas mãos de senhores que só querem o bem económico para o país. O que seria de nós sem eles. Uma vida mundana, de pessoas da classe baixa e média com algum poder de compra, a economia a movimentar-se graças a ele, os fluxos de capitais a girarem. Imaginem só.
Não! O patrão dos patrões acha por bem que continuemos a basear um modelo económico no baixo pagamento de salários e continuar a ser o único país da Europa onde se é pobre mesmo trabalhando 10 anos seguidos num emprego.
E a desigualdade salarial entre quem é patrão e empregado chega à diferença máxima de 60 vezes. A mais díspar da União Europeia. O que quer dizer que em média um patrão pode auferir 27 mil euros enquanto a sua mão-de-obra essencial poderá ficar-se pelos 450.
Mas bem vistas as coisas o que seria da Mercedes, Porsche, empreendimentos turísticos, condomínios de luxo... E nada de dizer que estes também são os sectores que também crescem nos países ditos do 3º mundo porque isso é má língua. Daqui a um bocado estão a querer insinuar que vivemos mal não?
E há por aí uns Van´s qualquer coisa a defender a abolição do salário mínimo. Pois claro que têm razão. Uma amiga minha foi a uma entrevista enviada pelo "Instituto de Emprego" e a "oferta" de emprego incluía um salário base de uns magníficos 400€. Mais nada. Nem subsídio de alimentação. Esta empresa no fundo já se está a antecipar à tendência patronal emergente.
Aliás fossem as coisas bem feitas e nós tínhamos de pagar para trabalhar. É que não se admite. Então agora querem ganhar mais do que um salário mínimo? A deputada salta pocinhas de sua graça Nogueira Pinto é que tinha razão: "Não se deve aumentar as reformas senão os reformados gastam tudo em cigarros e na taberna..."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Notícia versus boato

"O primeiro-ministro reiterou hoje que o Governo avançará em breve com uma proposta para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo e afastou em absoluto a hipótese de um referendo sobre esta matéria."

Ora aqui está uma boa notícia, por oposição à "posição" assumida por Ribeiro e Castro. A língua portuguesa presta-se muito bem a trocadilhos destes não é verdade?
Mas trocas gramaticais à parte ainda estou aqui a fazer contas com que votos vai o Governo fazer passar esta sua proposta. Com os do BE? E mais quem? PCP? Com os sempre jeitosos deputados JSD? Vamos a contas:

PS - 97 deputados
PSD - 81
CDS - 21
BE - 16
PCP - 15

As contas não são fáceis não é verdade? Aquilo bem espremido é capaz de não passar. Não estou a ver o Bloco entrar na dança assim de mão-beijada. Até porque tem projecto de lei próprio nesta matéria. Assim como não vai levar certamente votos dos sempre mui conservadores de esquerda PCP. Nunca me esquecerei da deputada Odete Santos em pleno congresso do PCP a falar no alto do púlpito e a dizer: "Como toda a gente sabe a homossexualidade é uma doença...) Ai que saudades da Detinha... A JSD poderá dar uns trocos e não esquecendo que havendo liberdade de voto, alguns católicos socialistas também se irão abster por certo. E é aí que uma pessoa se coloca a pensar.
Mas então o José teve 4 anos para legislar sobre esta matéria em maioria absoluta e agora que não a tem vem propô-la? Humm... Cheira-me que se a proposta de lei não passar ele se arrisca a ser alvo de "um boato muito mentiroso".

E por falar em palhaçadas

"José Sócrates anunciou, esta quinta-feira no Parlamento, aumentos de 1,25 por cento em pensões até cerca de 630 euros e de 1 por cento nas pensões até 1500 euros."

O homem passou-se! Ainda agora chegou e já lhe deu a fúria despesista. 

Palhaçadas desgraçadas

Jamie Leigh Jones. Parece nome de estrela de cinema mas não. Pacata cidadã dos Estados Unidos, trabalhadora na Halliburton/KBR. Simplesmente vítima de uma violação colectiva quando se encontrava em serviço no Iraque.
A rapariga com "19" anos de idade depois do "acolhimento sexual" por parte dos colegas e na iminência de fazer queixa às autoridades, foi colocada num contentor com uma cama, vigiada 24h por dia e com ameaças inclusivamente de perda do seu posto de trabalho se procurasse ajuda médica.
Al Franken, conhecido humorista/cómico e actualmente senador pelo Minnesota  pelo Partido Democrata nos E.U.A. levou uma proposta de lei ao senado que proibia clausulas abusivas como a que constava no contrato de trabalho de Jamie Leigh, como por exemplo o total "silêncio" em relação a "conflitos profissionais" sob pena de perder o seu emprego.
Escusado será dizer que na grande democracia que é, o senado norte-americano fez chumbar a proposta de lei com os votos dos Republicanos, porque cita-se: "O estado não se deve intrometer em contratos privados das empresas."
É caso para Al Franken dizer: "E o palhaço sou eu?"

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

High Level Stand up Comedy

Ao melhor estilo de Seinfeld, Barack Obama segue uma tradição dos presidentes democratas no que concerne em fazer qualquer coisa com o verbo stand. Todavia, ao contrário de Clinton, que gostava que as assistentes fizessem um stand on your knees, Obama stands up the level...(ver desde os 7:36)

De minimis non curat lex

Inicia-se aqui uma nova experiência no mundo da blogosfera. Escrever é um dos mais complicados meios de expressão - o modo reflecte o sentido, a forma, o sentimento e o conteúdo daquilo que se pensa e o confronto com essa realidade discursiva não é, por vezes, o mais fácil - nomeadamente quando o objectivo é explanar, de forma o mais perfeita possível, as ideias que vou construindo e cimentando. Daí que escrever é 90% de transpiração/dedicação e 10% de inspiração. É neste sentido que vou nortear esta experiência - elevar a exigência para que possa, de forma clara e concisa, viajar da doxa à episteme e dar a conhecer aquilo que penso sobre os mais diversos assuntos que pululam na sociedade contemporânea - nomeadamente, ao nível político, nacional e internacional.

Após o prólogo, cumpre-me justificar o título deste texto. De minimis non curat lex significa que o direito não se preocupa com coisas insignificantes. No seguimento do que o Repórter Zero vem afirmando nas suas crónicas, seria óbvio aceitarmos que esta descrição cabia que nem uma luva ao sistema judicial português. Contudo, não é esse o sentido que quero dar a esta crónica.·
De facto, um sistema de justiça que pratique a imparcialidade e a razoabilidade deverá concentrar-se nas temáticas importantes e deixar as minudências que tornam os tribunais em meros depósitos de processos em que a justiça se torna difícil de prosseguir e em que o direito é um mero instrumento administrativo para não se cumprir justiça. Ora, nestas condições os juízes, que muitas vezes esquecemos que constituem um órgão de estado, não têm as condições necessárias para prosseguir a justiça e o cumprimento do direito torna-se num caminho demasiado tortuoso.·
Logo, não me parece que sejam as magistraturas, quer a judicial quer o ministério público, as principais responsáveis pelo actual estado da justiça em Portugal. As acções culposas que lhe possam ser imputadas são apenas as de ter uma difícil relação com a comunicação social, pois fala-se demasiado em vários processos que ainda se encontram em instrução, provocando um alarido público contrário à busca da verdade, plasmada em indícios, que deve de anteceder qualquer tipo de julgamento. Esta relação, marcada por declarações infelizes de demasiados actores principais nas cenas da justiça portuguesa (Procurador-Geral da República; as Procuradoras-Gerais Adjuntas Cândida Almeida - Directora do DCIAP - e Maria José Morgado; o Bastonário da Ordem dos Advogado, Marinho Pinto, etc.), tem trazido a justiça para a rua, transformando processos em fase instrutória em julgamentos sumários, nos quais qualquer pessoa pode ser arrastada para a lama sem que seja provada a sua culpa. No fim, a inversão do ónus da prova, em que de presumível inocente se passa para irreversível culpado, a justiça fica apenas como o soundbyte, do qual é despojado o conteúdo e a alquimia do julgamento.

É óbvio que não somos ingénuos. O sistema judicial português tem problemas por assentar em legislação intrincada, em que a forma substitui o mérito, o que leva ao retardamento, sine die, da conclusão de muitos processos importantes, em que um qualquer bom advogado, que conheça a teia legislativa, consegue escapar a qualquer condenação com base em questiúnculas processuais, que desgastam, consomem e marginalizam os juízes.

Por outro lado, os agentes de justiça não têm a mínima ideia de coesão interna, dando-se ao luxo de colocar no ágora os seus conflitos - advogados contra juízes; polícias contra magistrados do ministério público; ministério da justiça contra oficiais e funcionários judiciais; PGR contra legisladores... A luta fratricida entre todos estes agentes permite, a todos aqueles que prevaricam, passarem no intervalo das gotas da chuva e tornam o sistema judicial em algo demasiado poroso para um órgão que, não sendo secreto, deve primar pela descrição. Aproveitam os jornaleiros do burgo, que aproveitam para fazer umas parangonas com as caricaturas que são apresentadas pelos próprios agentes judiciais... Aproveita o Governo, dado que o nosso sistema semi-presidencialista lhe dá o palco suficiente para se assumir como déspota em democracia, um primus inter pares, que se reforça com a descredibilização com um dos pêndulos do sistema político... Perde a democracia, porque os cidadãos não estão protegidos contra o Estado -quer porque os tribunais estão atafulhados de processos que não têm importância, quer pelo facto do Governo poder viver em roda livre, numa postura que pode ser quase ditatorial, dependendo do ciclo político em que se esteja a viver...

Glosando, apenas quero fazer um alerta para que não se coloque em causa a honestidade dos juízes, para que se acredite civicamente no sistema de justiça e para que, enquanto cidadãos, possamos exercer o nosso direito de controlo - tomando os nosso deveres e direitos cívicos na sua plenitude e não enquanto uma mera missa dominical de periodicidade olímpica!

Uma questão qualitativa de tempo

O tempo que a administração do BCP levou a "colocar" Armanda Vara com "dono" e o tempo que levou Cavaco a fazê-lo com Dias Loureiro.
No fundo o que divide o sector público do privado é o tempo de execução. De resto em termos de qualidade da mão-de-obra equivalem-se muito...

Os brandos do costume

Ribeiro e Castro do CDS/PP saiu-se com esta quando abordado sobre a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

“É uma questão que não está debatida na sociedade e sobre a qual os cidadãos têm o direito de se pronunciar directamente através de um referendo”, disse o euro-deputado à Lusa.

Ora se não está debatida porque quer ele que a sociedade se pronuncie através de referendo? Será que não quer ver esta questão aprovada? O deputado europeu sabe que por exemplo nos Estados Unidos existe uma coisa que se chama "outing"?
Por vezes não dá jeito nenhum sermos um povo de brandos costumes...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Os Cavaleiros da Triste Figura

A Polícia Judiciária tem uma longa tradição D. Quixotesca.
Tal como o Cavaleiro da Triste Figura a PJ está condenada a ver monstros e moinhos, a lutar contra eles, mas tal como na história de Cervantes estes não existem e são fruto da imaginação daquela força policial.
É claro que quando a PJ investiga crime de colarinho branco, corrupção, lavagem de dinheiro, poder autárquico e mesmo desportivo é tudo fruto de uma investigação, digo imaginação colectiva que leva estes bravos cavaleiros a investirem grande parte das suas vidas na caça ao bandido, digo alucinação. Sim porque só há uma conclusão a que se pode chegar em Portugal: aqui não existe corrupção. Apenas castelos e moinhos imaginários sobre os quais a PJ se lança numa batalha de ilusão e magia. Ilusão porque estes Quixotes estão convencidos que existe mesmo crime económico e corrupção nestas bravas terras Lusas. Magia porque passados por vezes anos de investigação e ajuntamento de provas os juizes deste país tratam de, como de pura magia se tratasse, transformar todo um trabalho de anos em ar! Esfuma-se qual caldeirão de Merlin onde ano após ano, processo após processo se prova que tudo, mas tudo, é uma imensa alegoria uma fábula dos tempos modernos, nada mas mesmo nada que a PJ investiga é palpável. É uma imensa nuvem de gás volátil mas que um qualquer pandego Juiz converte em ar puro, como qualquer bom filtro industrial.
Mas questiona-se. Tem remédio? Isto tem rumo?
Tem. É deixar a PJ à secretária e mais uma vez por magia o crime desaparece. Parece uma solução de ouro. Se a PJ não fizer o seu trabalho é óbvio que o crime desaparece. Aliás está mais que comprovado que só existe crime porque aqueles Quixotes vão para o terreno armar-se em polícias. Estivessem quietinhos e nada disto acontecia.
Dias Loureiro, Armando Vara, Isaltino Morais, Valentim Loureiro, eram todos homens honrados até os cavaleiros tristes irem lá fazer castelos de areia.
Mas há uma outra solução! A PJ em Portugal tem de fazer o que faz a PJ do Porto. Está a investigar mas deixa que haja tanta fuga, mas tanta fuga de informação (quem não se lembra do Pintinho da Costa a banhos na Galiza quando começaram à sua procura) que acaba por cumprir a sua função duplamente, ou seja: investiga mas ao mesmo tempo torna tudo já em oxigénio quase puro. Quando o processo chega ao tribunal o senhor juiz é só dizer, ou que prescreveu ou que não há matéria de facto para condenação. Ou então dá um veredicto sobre outro assunto entretanto provado mas que tenha só direito a uma reprimenda ou um puxãosito de orelhas.
Ainda me lembro de ver Judites queixarem-se de ter de utilizar os carros particulares para fazerem o seu trabalho porque muitas vezes os da polícia estavam avariados. Andassem de cavalo que é para o que eles servem. Metam os olhinhos em D. Quixote. Acaso andava de Mercedes? Ele queria era um Rocinante ali a cair de velho, uma pileca de primeira.
Agora vou ali tirar uma licenciatura na Independente a correr a ver se chego a administrador de um grande banco e começo a cobrar favores que isto de escrever blogues não dá guito nenhum.
Olha que coisa... A Independente fechou. Agora onde é que vou tirar a minha licenciatura a um domingo?
Coisa útil era os Cavaleiros da Triste Figura dizerem onde é que é agora a universidade da moda. Isso sim é que era serviço. Agora andarem atrás de meliantes.
Podia viver sem a Polícia Judiciária? Podia. Mas não era a mesma coisa...