quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pinto Monteiro: mais um coveiro da nação

"O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, escondeu as escutas de Paulo Penedos, assessor da Portugal Telecom, e de Armando Vara, administrador do BCP, que levaram o juiz de instrução de António Gomes e o procurador da República, João Marques Vidal, a extrair uma certidão do processo Face Oculta por suspeitas de um crime de atentado contra o Estado de Direito."

Este homem é um "sssenhôr"! Eu sempre me detive perante pessoas que falam com sotaque. É uma coisa gira! Eu gosto muito de sotaques. Trazem música a uma língua.
Quando se tira uma licenciatura e se anda no meio universitário normalmente perde-se o sotaque. Não que seja um motivo de gozo mas porque no meio académico passamos à idade maior da civilização. Estamos num meio que é propício ao auto-conhecimento e auto-crítica. Não defendo que o perca apenas que o suavize quando ocupar um lugar que exige respeitabilidade de Estado. Mas nunca abdique dele em todas as outras coisas.
Logo uma pessoa que passe por todo um percurso académico (e ainda por cima em Coimbra) sem nunca perder o sotaque das Beiras para mim é uma espécie de paradoxo. Cresce interiormente, atinge um grau de conhecimento, torna-se licenciado e tem uma atitude e uma forma de comunicar diferente mas o "sssotaquejinho" fica lá, sinal de algo que não quer crescer, algo que não quer mudar, um conservadorismo inquietante.
Tal como inquietante é este Procurador Geral da República. Tal como são inquietantes não só o sotaque como as declarações sucessivas que vem efectuando e principalmente os seus actos esconsos.

"O que Pinto Monteiro omitiu a todos foi que nas certidões que lhe chegaram estavam também incluídas escutas telefónicas, cuja validade ninguém contesta, entre Paulo Penedos e Rui Pedro Soares, o administrador executivo da empresa para quem o advogado trabalhava, relevantes para as suspeitas que envolvem o primeiro-ministro. E que havia ainda outra escutas envolvendo Armando Vara e outras pessoas, que não José Sócrates." sic Público

Quando se ataca a classe política por falta de ética, moral e dignidade eu estou de acordo. Não estamos já nos melhores dias da democracia. Agora quando o que falha são as pessoas que têm os mais importantes cargos de Estado como o de Procurador Geral aí já não é um problema democrático-político. É uma questão de Estado. Uma coisa é um Governo à deriva e desgovernado. Outra coisa é brincar com o Estado.
E o que o Procurador anda a fazer é grave. É muito grave. Esconder escutas que envolvem um possível crime contra o Estado de Direito em Portugal é duma intrínseca pérfida! É ter a moral ao nível de um esgoto! É brincar com o que de mais elementar há numa democracia. A justiça! Que dever ser cega e doer por bem sem olhar a quem.
Mas cada vez que o "sssenhôr" fala, todos achamos piada porque ele pode estar a dizer a maior atrocidade mas o sotaque torna tudo num verdadeiro café-concerto, fazendo comédia de situação com os mais elementares direitos de um Estado Democrático.
Eu de feroz defensor de que acabe este Estado de brincadeira e um outro comece (a sério, de preferência sem os constituintes deste) estou cada vez mais espectador deste caminho para a perdição e não me sai uma ideia da cabeça. Se nos próximos meses este país não levar uma volta a sério, está definitivamente lançada a anarquia e regabofe nas mais altas instituições que garantem (ou deveriam garantir) a lei e o cumprimento dela no Estado Português. E a partir daí já não é o começo do fim, será mesmo um Estado arruinado, sem futuro e sem rumo.
Seremos uma província da Europa, um local onde vêm umas pessoas passar férias e viveremos cada vez mais prisioneiros de nós mesmos. Sim porque o povo é sereno... E sempre foi essa a nossa maior desgraça.
Um povo sem espinha não tem direito sequer a ser uma nação.

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